Vou postar aqui uma matéria que saiu no Portal Ciência & Saúde, que me deixou extremamente feliz um dia destes quando a nossa voluntária Márcia nos mostou o que havia escrito sobre a criança da qual ela vem atendendo a mais de um ano.
“Te peguei neguinha!”
Em uma ONG, na qual presto serviços voluntários ajudando nas tarefas escolares de crianças com dificuldades, conheci o Joãozinho.
Menino pequeno, magrinho, bonito, mas muito agitado, com bastante deficiência na leitura e na aritmética. Porém, muito esforçado e alegre. Às vezes, expressava certa revolta diante das dificuldades em realizar as tarefas. Um dia, quando o repreendi, desabafou: “Me chamam de feio, de burro, e de negro”. Respondi-lhe “Meu querido já olhaste no espelho? Negro és, feio não, és muito bonito e não és burro.” Com o tempo ele passou a colaborar, realizava as tarefas mais rapidamente e não reclamava mais. Sempre pedia para jogarmos cartas. Combinamos que, se ele terminasse rapidamente o que era pedido, jogaríamos. Quando jogávamos e ele vencia dizia sorrindo: ”Te peguei neguinha!”.
Assim que as aulas recomeçarem voltarei lá e falarei para ele sobre Barack Obama. Direi a ele que os Estados Unidos, o país mais poderoso do mundo, tem agora um presidente negro. Contarei a ele que lá, antigamente, em alguns lugares, era proibido pessoas de diferentes raças se casarem, que os negros e os brancos não tomavam o mesmo ônibus e nem iam nas mesmas escolas e igrejas. Direi, que Obama, o presidente, é o primeiro presidente negro daquele país e que isto mostra que muitas coisas estão mudando. Não importa a cor da pele, mas o que a pessoa é, o que ela faz, importa seu trabalho. Por isso é preciso estudar e ser trabalhador.
Estou ansiosa por me encontrar com o Joãozinho para falar sobre as mudanças no mundo. Acredito que a quebra desta barreira racial, em país tão poderoso e influente, seja muito importante para que outras barreiras do preconceito caiam por terra, em vários lugares.
Ao assumir a presidência dos Estados Unidos, Barack Obama jurou sobre uma Bíblia, conforme é tradição nos Estados Unidos. Se o Joãozinho fosse maior, talvez me perguntaria se Obama poderia ter jurado sobre o Corão, caso não tivesse se convertido ao cristianismo. Eu responderia : ”Não sei”. Certamente o menino rindo gostosamente diria: “Te peguei neguinha!”
Marcia Machado Flesch
segunda-feira, 27 de abril de 2009
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